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Maurino Magalhães avalia cenário político de Marabá: “A situação é muito difícil”

Político relembrou conquistas e rebateu polêmicas em entrevista ao Programa Bom de Ver, que vai ao ar neste sábado (30), às 10h

Numa manhã de segunda-feira de céu meio encoberto, Maurino Magalhães recebeu a equipe de reportagem com a calma que lhe é característica. Ofereceu café, acompanhou a produção até o local escolhido da gravação, ao ar livre no gramado, e depois de ouvir o tradicional ‘gravando’, ele agradeceu pelo momento com seu famoso discurso consagrado pela frase “eu costumo dizer que não cai uma folha de uma árvore sem a permissão do Senhor”, e prosseguiu: “Nessa oportunidade eu quero me colocar à disposição para a pergunta que você quiser fazer porque a pergunta que você quiser fazer pra mim, é o que o povo quer saber”, afirma Maurino Magalhães.

O ex-prefeito e ex-vereador de Marabá concedeu entrevista exclusiva ao Programa Bom de Ver, que vai ao ar neste sábado (30/08), às 10 horas da manhã. Conduzida por um dos apresentadores, David Sousa, a conversa sem limites pré-estabelecidos permitiu ao líder político revisitar episódios marcantes de sua gestão e responder diretamente aos questionamentos que, segundo ele, ecoam os anseios da população.

Maurino Magalhães começou rebatendo o que considera ter sido uma cobertura injusta da mídia local em seu período no Executivo (2009-2012). Ele relatou que veículos de comunicação em situação de monopólio, comandados por seus adversários políticos, minimizaram o impacto de iniciativas que, na avaliação do ex-prefeito, alavancaram o desenvolvimento socioeconômico de Marabá.

“Não mostrava realmente o que a gente estava fazendo, a evolução do que estava sendo Marabá, do crescimento tanto externo como interno, da parte da documentação, regularização do próprio município, na parte das leis internas da prefeitura e também o movimento externo que era fazer com que a cidade atraísse pessoas para que investissem no município”.

O ex-prefeito Maurino Magalhães (ao centro, de vermelho), a apresentadora Fabiane Barbosa (à esquerda) e o apresentador David Sousa (à direita). Foto: Igor Leite

Durante o bate-papo, Maurino Magalhães destacou as principais obras e investimentos de sua administração, tais como:

  • Construção da segunda ponte sobre o Rio Itacaiúnas;
    Duplicação e urbanização da Rodovia Transamazônica;
  • Implantação da Ala Pediátrica, do Laboratório e do Necrotério humanizado no Hospital Municipal de Marabá (HMM);
  • Cadastro do município no Ministério das Cidades para implantação da política de habitação, incluindo a construção de 4 residenciais do programa Minha Casa, Minha Vida, sendo 1.090 casas no Residencial
    Tocantins, no bairro São Félix e 1.410 casas no Residencial Tiradentes, em Morada Nova, ambos entregues por Maurino, que deixou outros dois
    residenciais licitados: Residencial Magalhães em São Félix, com 3 mil casas, e Residencial Jardim do Éden, em Morada Nova com 968 casas;
  • Reforma e ampliação do Estádio Zinho Oliveira, além da obra de um novo estádio nos moldes FIFA e CBF.

“Aquilo ali foi um momento muito difícil que uma gestão poderia enfrentar. Antes de mim o prefeito anterior tinha feito um TAC com o Ministério Público Estadual e Federal de construir um aterro sanitário porque o lixão já trazia muito transtorno para Marabá”.

O ex-prefeito comentou sobre o desafio de implantar o Aterro Sanitário Municipal, que foi considerado modelo para outras regiões do Brasil, mas que
foi a primeira problemática que causou desgaste à gestão, pois o município já havia sido notificado tanto pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) quanto pelo Ministério Público Federal (MPF) sobre o descarte de lixo na área próxima à Vila São José, popularmente chamada de lixão.

“E terminou o TAC bem na minha gestão, eu assumi em janeiro, o TAC terminou em fevereiro e quando foi em abril o Ministério Público Estadual e Federal proibiram jogar lixo no lixão que era na Vila São José. Imagine não ter onde jogar o lixo e todo lugar que a gente propôs a resposta era não. E um aterro sanitário não se faz de um dia para outro. Isso passou 8 dias sem coleta no município e ali muita gente não entendia. Como já dissemos, a mídia toda
contra mim, inclusive teve até um meio de comunicação que inventou uma música: ‘Marabá mudou, mudou para pior”, relembra.

A terceirização da coleta de lixo, outra marca de sua gestão, foi apontada como iniciativa para valorizar os garis e oferecer um serviço mais digno. Na mesma linha de modernização, Maurino Magalhães detalhou o projeto de abertura de mercado que atraiu grandes redes ao município, como Havan, Mateus, Líder, Yamada e Atacadão, e facilitou a expansão de empresas locais por meio de incentivos fiscais e desburocratização.

“Nós mandamos para a Câmara um projeto que as empresas pudessem ter condição de vir para Marabá, diminuindo impostos e dispensando o alvará de construção, como uma contrapartida do município para que as empresas pudessem investir. Então, naquele momento nós quebrávamos o monopólio
porque mesmo as empresas grandes querendo vir, encontravam dificuldades porque o Município não autorizava a entrada deles”, explica o ex-prefeito.

Lamentando a redução dos ônibus em circulação atualmente, Maurino Magalhães também comentou sobre a mobilidade em Marabá. “Eu criei o Táxi Lotação e regulamentei, foi criado no nosso governo. Os ônibus eram velhos, era muito ruim e a Transbrasiliana tinha na época apenas um contrato. Marabá não tinha lei de transporte urbano. Eu criei a lei do transporte urbano em Marabá, fizemos a licitação e duas empresas ganharam. No final nós autorizamos 80 ônibus novos, adaptados para cadeirantes e com condição de trafegar.”

Maurino e David tiveram um bate-papo agradável e descontraído para o Programa Bom de Ver. Foto: Igor Leite

Cassação de mandato e de candidatura à reeleição

Segundo Maurino Magalhães o processo de cassação de sua candidatura à reeleição se deu por denúncias de abuso de poder econômico movidas por adversários, culminando em inelegibilidade por oito anos.

“Quando eles viram que possivelmente eu seria reeleito, a única forma que tinham era de me tirar do páreo. Criaram que eu tinha abusado do poder econômico, documentaram com fotos uma reunião que não era de cunho político, mas que tinham pessoas vestidas na camisa do 22 e uma delas era um psicólogo concursado. Deram entrada com a denúncia e 3 dias antes da eleição veio o veredito que eu não poderia participar da eleição. Não dava mais
tempo de tirar meu nome das urnas, eu recebi a notificação depois de gravar meu último programa eleitoral e as pessoas votaram, mas o voto era nulo. E com isso eu fiquei inelegível por 8 anos”, detalha.

O líder político comentou ainda que após esse episódio houve nova investida dos adversários que levou a julgamento na Câmara Municipal de Marabá (CMM) a prestação de contas da gestão, que foi reprovada em votação e resultou em um novo processo de inelegibilidade.

“Eu poderia ter vindo na eleição passada, mas a Câmara Municipal, uma parte dos vereadores num julgamento político me deixaram inelegível, porque eu precisava de 14 votos e só tive 9 votos favoráveis. Mas Deus escreve certo por linhas certas e numa decisão do STF eu fiquei elegível porque vale o tempo do Tribunal de Contas ao invés do tempo da Câmara”, revela.

Ao ser questionado sobre o que faria diferente, Maurino Magalhães respondeu: “Primeiramente o que eu faria diferente: não confiar nas pessoas, achar que todo mundo era igual a mim. Confiar menos e selecionar mais meu time.”

Sobre a atual conjuntura política o ex-prefeito opinou: “Eu vejo a situação política de Marabá muito difícil, Marabá é muito grande. O tamanho de Marabá não é o tamanho que a gente vê. Eu fui ali no Magalhães, no Residencial Tocantins um abandono total. É preciso se voltar para essas questões sociais, é preciso ver o tamanho de Marabá para o futuro, atraindo mais desenvolvimento, atraindo mais indústria, comércio, geração de emprego, geração de renda, é preciso olhar para a zona rural porque é de lá que vem o sustento da cidade, a produção de alimento que está ficando escassa por falta de apoio dessa produção. É preciso o governo atual e os governos que virão
terem uma visão diferente dos passados, abrir uma grande fronteira e trazer grandes projetos para fomentar a Agricultura do nosso município. E no
crescimento da cidade, a cidade está um caos em termos de mobilidade urbana. Já cabe Marabá ter vários viadutos para as pessoas terem uma mobilidade melhor, Marabá não é mais uma cidade pequena de 20 anos atrás. Marabá é uma cidade grande que pode ser um dia a capital do Sul e Sudeste do Pará, mas é preciso investir”.

Politicamente, Maurino Magalhães está elegível e sobre um eventual retorno às disputas eleitorais finalizou: “Hoje eu digo para a população de Marabá,
aqueles que são meus eleitores e aqueles que ainda não são meus eleitores, dizer assim que eu estou na mão de Deus e na sua mão. O que Deus e o povo decidir, eu acompanho.”

Onde assistir?

A entrevista completa será exibida neste sábado (30/08), no Programa Bom de Ver, que entra no ar às 10 horas da manhã pelo canal do YouTube e em transmissão regional de TV pelos sinais da TV Victoria, Canal 22.1, em Marabá, Itupiranga e Bom Jesus do Tocantins; da Carajás TV, Canal 19.1, em Parauapebas; da Rede TV Karajás, Canais 17 em Canaã dos Carajás e 16.1 em Tucumã e Ourilândia do Norte. (Texto: Fabiane Barbosa/Fotos: Igor Leite)

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