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Advogada Cristina Longo reassume defesa de Will Sousa e quer julgamento fora de Marabá

Com a recondução oficializada nesta segunda-feira (1º), Cristina passa a atuar como defensora exclusiva do réu e já adiantou que pedirá o desaforamento do processo, medida que pode transferir o julgamento de Marabá para outra comarca do Estado

DA REDAÇÃO — A advogada criminalista Cristina Alves Longo comunicou, no fim da tarde desta segunda-feira (1º), ao Portal Vinícius Soares, que reassumiu a defesa de Willian Araújo Sousa, conhecido como “Will Sousa”, acusado de matar a tatuadora Flávia Alves Bezerra, de 26 anos. Com a recondução, Cristina passa a atuar como defensora exclusiva do réu e já adiantou que pedirá o desaforamento do processo, medida que pode transferir o julgamento de Marabá para outra comarca do Estado. O júri foi remarcado para o próximo dia 17 de novembro pela juíza Alessandra Rocha da Silva Souza, presidente do Tribunal do Júri de Marabá.

O episódio no tribunal do júri

Cristina Longo havia sido destituída do caso no dia 7 de agosto, após um episódio que marcou o primeiro dia do julgamento no Fórum da Comarca de Marabá. Logo no início da sessão, a advogada questionou a fala de abertura da juíza Alessandra Rocha da Silva Souza, presidente do júri, que ressaltou a importância do “Agosto Lilás”, mês de conscientização pelo fim da violência contra a mulher. Para a defesa, a manifestação colocava em dúvida a imparcialidade da condução do julgamento.

O pedido de anulação foi negado e o júri seguiu com a formação do conselho de sentença e a oitiva de testemunhas. Durante os trabalhos, Longo enfrentou advertências da magistrada, teve o microfone cortado e a palavra cassada em alguns momentos. Em meio às discussões, a última com a promotora Cristine Magella, a advogada retirou a beca, abraçou o réu e deixou o plenário. Em seguida, a juíza determinou a sua destituição e nomeou a Defensoria Pública para assumir a defesa.

A reação da OAB

A decisão gerou repercussão imediata. A Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção Marabá emitiu nota de repúdio, denunciando supostas violações de prerrogativas de Cristina Longo. A entidade relatou que a advogada sofreu interrupções reiteradas, recebeu tratamento desrespeitoso e foi alvo de advertências desproporcionais. A OAB afirmou ainda que a destituição foi arbitrária, por ferir o direito do acusado de escolher livremente seu representante legal.

Na mesma nota, a Ordem destacou preocupação com a imparcialidade do julgamento, lembrando que a sessão havia começado com uma manifestação sobre o combate à violência contra a mulher, tema diretamente relacionado ao crime em julgamento. A instituição também declarou que acompanha o caso de perto e já acionou corregedorias do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) e do Ministério Público (MPPA), além de registrar ocorrência policial contra ataques virtuais sofridos por Cristina.

Na ocasião, a Coordenadoria de Defesa da Mulher Advogada e a Comissão de Apoio à Advocacia Criminal e Júri da OAB Seção Pará também se manifestaram em solidariedade à advogada Cristina Longo.

O caso Flávia Alves

O crime que levou Willian Sousa ao banco dos réus ocorreu em abril de 2024 e causou grande comoção em Marabá. Flávia Alves desapareceu no dia 15 daquele mês, após sair de um bar na Nova Marabá acompanhada de Willian. Câmeras de segurança registraram a vítima entrando no carro do acusado, um VW T-Cross.

De acordo com a investigação, Flávia foi morta por estrangulamento dentro do veículo. O corpo foi encontrado dez dias depois, em 25 de abril, enterrado em uma cova rasa em uma área de mata entre os municípios de Jacundá e Nova Ipixuna. A localização só foi possível após a companheira de Willian, Deidyelle de Oliveira Alves, colaborar com a Polícia Civil.

Além de Willian, Deidyelle e o irmão dela, David de Oliveira Alves, também foram investigados por participação na ocultação do cadáver. Os dois tiveram processos desmembrados e não integram o julgamento atual. Ambos respondem em liberdade.

O novo rumo da defesa

Com a recondução oficializada nesta segunda-feira, Cristina Longo afirmou que pretende pedir o desaforamento do processo, alegando que não há condições para a realização do júri em Marabá. O pedido, caso aceito pelo Tribunal de Justiça, poderá transferir o julgamento para outra comarca, onde o conselho de sentença será formado por jurados de fora da cidade.

Segundo a advogada, a medida busca assegurar a imparcialidade do julgamento, diante da forte repercussão local e dos acontecimentos registrados no tribunal do júri em agosto. O júri foi remarcado para o próximo dia 17 de novembro. (Portal Vinícius Soares)

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