O município de Itupiranga foi palco, no último fim de semana (20 a 22 de junho), de um dos eventos mais aguardados do calendário cultural da região: o Pré-Nacional de Quadrilhas Juninas. A competição reuniu grupos de diversas cidades do Pará e Maranhão e teve como grande destaque a força da cultura popular marabaense.
Pela primeira vez, três quadrilhas de Marabá ocuparam os primeiros lugares da disputa. A tradicional Fogo no Rabo conquistou o título de campeã com o espetáculo “O mundo é um, é oca”, uma homenagem a defensores da Amazônia e aos povos originários. Em segundo lugar, a Arrastão do Amor emocionou o público com o enredo “O Redentor do Sertão”, exaltando a fé popular em Padre Cícero. Fechando o pódio, a Fuá da Conceição apresentou o tema “Miriti – Joia Rara de Abaeté”, levando para a arena a leveza e a riqueza da arte produzida com a palmeira amazônica.
Além da disputa, o evento celebrou a resistência e a criatividade dos brincantes que, com dedicação desde o início do ano, ensaiam passos, costuram figurinos e constroem narrativas que traduzem identidades, histórias e sentimentos. No palco, cada grupo foi além da dança: expressou pertencimento, ancestralidade e orgulho.
A classificação das quadrilhas marabaenses para a etapa nacional fortalece ainda mais a cidade como referência no cenário junino do Norte do país. Com mais de três décadas de trajetória, a Fogo no Rabo mantém viva uma tradição que atravessa gerações. Já a Arrastão do Amor, com seu corpo técnico e artístico estruturado, vem colecionando premiações em diversas cidades, como Redenção (PA), Jacundá (PA) e São Pedro da Água Branca (MA). A Fuá da Conceição, por sua vez, cresce como uma das promessas da nova geração junina.
O próximo compromisso dos grupos será em Canaã dos Carajás, onde acontece, entre 26 de junho e 13 de julho, o Concurso Nacional de Quadrilhas Juninas da Confebraq. A expectativa é de mais uma grande celebração, com cidade cenográfica, arena junina e a participação dos melhores grupos do Brasil.
Em Itupiranga, o brilho foi das quadrilhas — mas a luz que se acendeu foi a da cultura que pulsa, resiste e se reinventa a cada apresentação. Marabá, mais uma vez, mostrou que seu povo dança não só com os pés, mas com a alma. (Portal Vinícius Soares)